Era estranho ver as pessoas falando do amor, vibrando,
chorando, esperando, alcançando.
Parecia-me que elas viviam sempre em um conto de fadas, mas
eu estava de fora, eu as via chorar e pensava: “Como são burras! Como acham que
são felizes sendo enganadas e magoadas? Como não enxergam?”
Pensava que era eu a forte, aquela que não sentia nada, ou
melhor, aquela não queria sentir.
A questão não é que elas eram cegas, elas enxergavam sim,
muito mais que eu até. Eram sábias, porque sabiam que de um erro pode-se tirar
um grande acerto. Conheci pessoas assim, imensamente grandes, que abraçavam o
defeito do amado e o amavam nas situações mais difíceis; pessoas fortes,
capazes de conviver com as falhas e perdoar. O amor que elas construíram, não
era nunca parecido com um conto de fadas, era bem melhor. Sabe, esse amor
realista é na verdade um amor real, isso mesmo, quando há inúmeros defeitos e
tudo ainda parece ser perfeito. É algo seguro, que com certeza não vai acabar
quando aparecer o primeiro contratempo. Conheci amores amigos, e esses, eram os
mais bonitos.
Perceber que o amor é algo que se aprende, em doses homeopáticas,
foi o que me fez ter coragem de arriscar.
Ver que esse aprendizado dá frutos foi o que me fez dizer a Deus que eu
estava disposta a amar.
Foi aos poucos essa percepção, aos poucos Ele foi tirando
os meus medos também. Mas sabe o que não foi pouco? Não foi pouco o AMOR,
porque Ele foi cuidadoso em cada detalhe. E se hoje estou aprendo a amar, com
certeza, estou aprendo a amá-Lo primeiro.
Quando Ele me dá a oportunidade de amar outras pessoas, não
é para que elas me completem ou me satisfaçam, é para que eu me doe e me
esvazie, é para que não reste nada de mim.
Acredite, ficar sem nada não dói e também não empobrece.