Quando o coração tem vontade de gritar a melhor saída é fazer silêncio.
Eu aprendi com algumas situações da vida , quando me sentia perdida.
Quando eu desejava muitas coisas e meu coração nao sabia escolher, quando eu não sabia escolher e sentia muito medo.
Quando eu precisava de respostas que ninguém podia dar e me sentia só.
Quando eu morria de vontade de gritar, e sem pensar, gritava.
E quando gritava, me livrava de tudo.
Me livrava daquilo que aos poucos meu coração, enjoado, gestava.
Me livrava daquilo que um dia tomaria forma, e que tomando forma, sorriria.
Me livrava daquilo que cavaria aos poucos os terrenos do meu coração, e depois germinaria sementes que, com o tempo, dariam frutos.
Então eu percebi que gritar não era a melhor saída.
Que a melhor saída não era me livrar do medo, porque o medo me mostraria que é possível ter coragem.
E quando resolvi, no silêncio, abraça-lo, senti que ainda doía, senti muito medo ainda.
Mas no silêncio, eu podia ouvir.
Podia ouvir o que meu coração gritava, quando minha voz calava.
Podia entender os motivos dos meus medos e aprender a enfrentá-los.
Podia sorrir quando meu coração velava.
Podia sentir que verdadeiramente existe um amor imenso.
Podia sentir esse amor, e senti-lo cada vez mais forte.
Podia me sentir segura, porque não mais me sentia só.
Podia entender meu coração, que no silêncio, encontrou a melhor companhia.
Pude entender então, que o que coração mais quer, é nunca se sentir só.
E que quando ele se perde, é calando que ele se encontra.
Sarah Castro
sábado, 11 de dezembro de 2010
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
A gente se acostuma.
Eu sei que a gente se acostuma, mas não deveria.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e não ver vista que não sejam as janelas ao redor. E porque não tem vista logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma ao não abrir de todas as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a ascender mais cedo a luz. e, à medida que se acostuma, se esquece do sol, se esquece do ar, esquece da amplidão.
A gente se acostuma a acordar sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder tempo. A comer sanduíche porque não dá pra almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
[...]
A gente se acostuma a pagar por tudo que se deseja e necessita. A e lutar para ganhar com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma à poluição, às salas fechadas de ar condicionado e ao cheiro de cigarro. Á luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural. Ás bactérias de água potável. À contaminação da água do mar. À morte lenta dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a não colher fruta do pé, a não ter sequer uma planta por perto.
[...]
A gente se acostuma a coisa demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua o resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim da semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado.
A gente se acostuma a não falar na aspereza para preservar a pele. Se acostuma para evitar sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta. e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.
Marina Colassanti.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e não ver vista que não sejam as janelas ao redor. E porque não tem vista logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma ao não abrir de todas as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a ascender mais cedo a luz. e, à medida que se acostuma, se esquece do sol, se esquece do ar, esquece da amplidão.
A gente se acostuma a acordar sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder tempo. A comer sanduíche porque não dá pra almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
[...]
A gente se acostuma a pagar por tudo que se deseja e necessita. A e lutar para ganhar com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma à poluição, às salas fechadas de ar condicionado e ao cheiro de cigarro. Á luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural. Ás bactérias de água potável. À contaminação da água do mar. À morte lenta dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a não colher fruta do pé, a não ter sequer uma planta por perto.
[...]
A gente se acostuma a coisa demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua o resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim da semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado.
A gente se acostuma a não falar na aspereza para preservar a pele. Se acostuma para evitar sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta. e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.
Marina Colassanti.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Te deixas encontrar.
Procurei tão longe, em outros horizontes o que estava aqui perto de mim.
Sempre ao meu lado, pronto pra um abraço eu estava sempre a repetir.
Essa solidão não parece ter fim, eu procurava uma saída para o meu coração.
Sempre tão distante o coração errante acostumado a cair.
Foram tantas quedas, perdas eu tivera, continuava a seguir.
Mas nenhuma palha mudou do lugar, tanto tempo eu andei só pra tentar te encontrar.
Estavas dentro do meu coração tudo mais era ilusão.
Que o vento leva pra não mais voltar, sei que agora, Jesus, eu te encontrei.
E viver sem ti eu já não sei, sei que te escondes e te deixas encontrar.
Vejo a solidão do peito arrancar, sua paz em mim veio transbordar,
toda a minha vida por ti procurei.
Vida Reluz.
sexta-feira, 29 de outubro de 2010

"Não somos mais que uma gota de luz
Uma estrela que cai
Uma fagulha tão só na idade do céu
Não somos o que queríamos ser
Somos um breve pulsar
Em um silêncio antigo com a idade do céu
Calma, tudo está em calma
Deixe que o beijo dure
Deixe que o tempo cure
Deixe que a alma
Tenha a mesma idade que a idade do céu
Não somos mais que um punhado de mar
Uma piada de Deus
Um capricho do Sol no jardim do céu
Não damos pé entre tanto tic-tac
Entre tanto big-bang
Somos um grão de sal no mar do céu."
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Crescer
Bom mesmo seria:
se a infância fosse eterna;
e todo gosto fosse doce;
e todo doce fosse gostoso.
Se toda queda deixasse arranhões;
e todo arranhão deixasse uma história boa de lembrar.
Se toda mágoa fizesse chorar;
e todo choro, já seco, trouxesse o perdão.
Se os pais ainda fossem super heróis;
e o medo não pudesse existir.
Mas o tempo faz com que:
nem todo doce seja gostoso;
os arranhões demorem mais a sarar;
a mágoa demore mais a passar;
os pais deixem de ser super heróis;
E assim, crescer parece ser uma tortura.
Mas quando você descobre que o céu é suficientemente grande para te abrigar em qualquer lugar do mundo, percebe que pode ser uma eterna criança.
Sofia Franzoni
se a infância fosse eterna;
e todo gosto fosse doce;
e todo doce fosse gostoso.
Se toda queda deixasse arranhões;
e todo arranhão deixasse uma história boa de lembrar.
Se toda mágoa fizesse chorar;
e todo choro, já seco, trouxesse o perdão.
Se os pais ainda fossem super heróis;
e o medo não pudesse existir.
Mas o tempo faz com que:
nem todo doce seja gostoso;
os arranhões demorem mais a sarar;
a mágoa demore mais a passar;
os pais deixem de ser super heróis;
E assim, crescer parece ser uma tortura.
Mas quando você descobre que o céu é suficientemente grande para te abrigar em qualquer lugar do mundo, percebe que pode ser uma eterna criança.
Sofia Franzoni
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Começar
Como começar? Começar, a parte mais difícil. Que tal mudando? É criando situações e oportunidades diferentes. Não sei, talvez eu não seja a melhor pessoa para dizer, com certeza eu não sou mas, acredito quando dizem que tudo muda quando a gente muda. Ultimamente eu tenho estado assim, com vontade de mudar, de mudar tudo, porque é certo que não consigo levar a vida sempre do mesmo jeito. Eu não nasci para ter padrões, para seguir rotinas, para criar raízes. Não, talvez eu nem saiba ainda quem sou ao certo, talvez porque eu esteja sempre me renovando, e apesar de não saber absolutamente nada do amanhã, sei que hoje preciso ser diferente simplesmente porque sou assim.
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